Entre a Gente...

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Construção e Legalização da casa dos nossos sonhos

quinta-feira, 29 de março de 2012

POR QUE OS PÁSSAROS GERALMENTE NÃO TOMAM CHOQUE EM FIOS ELÉTRICOS?

Um desequilíbrio pode ser fatal.

Curiosamente, os pássaros conseguem pousar sobre fios elétricos, encapados ou não, sem levar choque. Aparentemente causa grande espanto quando analisado, pois quando um fio desencapado é tocado libera grande descarga elétrica. Com os pássaros é diferente.

A distância entre as patas dos pássaros é bem curta, não é suficiente para gerar um potencial elétrico entre dois pontos (DDP). O choque, dessa forma, somente acontece quando a corrente elétrica entra por um determinado local e sai por outro, ou seja, fecha o ciclo da eletricidade que é a condução de energia. A eletricidade liberada no pássaro não lhe provocará uma descarga elétrica porque ele não estará encostado em nenhum objeto a não ser o fio, porém, se o pássaro desequilibrar e encostar-se a outro objeto, ele receberá a corrente elétrica.

Se uma pessoa, por descuido ou curiosidade, pegar um fio com as duas mãos, nada acontecerá também; desde que ela esteja como pássaro, sem encostar em nada além daquele fio.

Agora se você pegar em um fio destes e der diferença de potencial a ele (encostar em algo - outro fio, poste....) o choque acontecerá.

Em localidades que existem Tuiuius, os fios da rede elétrica são mais afastados uns dos outros. O pouso dele sobre estes fios não ocasiona o choque como no pássaro da foto; porém a asa dele é muito grande; no pouso ou ao voar, a asa dele pode encostar em outro fio gerando uma ddp e ocasionando a passagem de corrente pelo pássaro ou como é mais conhecido - o famoso choque elétrico.

Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 28 de março de 2012

FIOS E CABOS!

Para muitos é um dilema na hora de decidir o que usar nas instalações elétricas, Fios ou Cabos???

A DIFERENÇA ENTRE UM FIO E UM CABO É A FLEXIBILIDADE.

Os fios são feitos de um único e espesso filamento, e por isso são rígidos.

Os cabos são feitos por diversos filamentos finos, o que lhes dá maleabilidade e facilita sua colocação dentro dos eletrodutos.

Devem ser usados os fios e cabos de cobre de alta condutividade, tipo anti-chamas, com revestimento termoplástico e nível de
isolamento para 750 V e 1000V, salvo indicação em contrario do projeto executivo de elétrica.

Cada fio ou cabo deve conter as seguintes informações gravadas de forma continua.

Cada fio ou cabo deve conter as seguintes informações gravadas de forma continua, bitola, isolação, temperatura, nome do fabricante.

Basicamente as características elétricas (capacidade de condução de corrente, resistência da isolação, etc.) dos cabos flexíveis são as mesmas dos fios rígidos.

A grande diferença é que os cabos flexíveis são melhores para a instalação devido ao fácil manuseio.

APLICAÇÃO

Como condutores de eletricidade, protegidos em eletrodutos, destinados à distribuição de luz, força motriz, aquecimento, sinalização e campainha. Em instalações fixas, embutidas ou aparentes.

VIDA ÚTIL

Um sistema bem feito dura em média 20 anos, mas 10 anos já é um bom período para se fazer uma revisão:

Verificar a fiação, os soquetes, os interruptores e tomadas tanto nos fios e cabos como também, nos dispositivos de proteção, como disjuntores e fusíveis…

Um soquete com problemas rouba energia da lâmpada e um interruptor com algum fio solto ou com mau contato pode causar um curto circuito.

A FIAÇÃO

A escolha da bitola (grossura) do fio ideal para cada circuito deve levar em contas as cargas associadas a cada circuito.

As bitolas mínimas recomendadas são de 1,5mm² para iluminação e 2,5mm² para tomadas de uso geral (TUGs).

CABO É MELHOR QUE FIO?

Depende da utilização.

A única diferença que existe é a flexibilidade a corrente é a mesma, ou seja, um fio 1,5mm², um cabo 1,5mm², ou um cabo flexível
1,5mm², possuem a mesma capacidade de condução de corrente.

Resumindo, a capacidade de corrente é a mesma para as mesmas seções nominais, independentemente da classe do condutor.

O que vai definir a classe a ser utilizada é aplicação e/ou a preferência do projetista ou instalador.

ENTÃO FIO OU CABO QUAL UTILIZAR?

A rigor, só existe uma diferença, que é a flexibilidade, já que a capacidade de corrente dos dois é a mesma.

Ao adquirir este tipo de material, não avalie apenas o preço, a qualidade da matéria prima é muito importante como;

Na compra de qualquer produto, desconfie dos preços baixo demais pesquise mais.

Seja qual for a marca e o tipo de material utilizado (fio ou cabo) utilize os produtos que tenham suas identificações
claras como seção, temperatura, tensão de isolamento, nº da norma que especifica as características técnica referidas para este cabo.

Circuitos específicos, como chuveiros, torneiras elétricas, equipamentos acima de 1800 watts devem ter a potencia do equipamento calculado para cada circuito, e determinar a bitola dos fios incluindo também o fio terra para sua proteção.

Preferencialmente toda fiação devera estar embutidas em eletrodutos ou eletrocalhas para evitar contatos e acidentes.

Os circuitos de tomadas e iluminação deveram ter a proteção individual preferencialmente por disjuntores.

Aguarde 2ª parte

Claudio – HPTEL

segunda-feira, 26 de março de 2012

ATERRAMENTO

* Fios fase e neutro conforme a carga em amperes
* Tabela de carga de condutores ABNT
* E quais equipamentos domésticos aterrar?

Assunto: Sobre a bitola do aterramento

Pergunta:

O fio de aterramento deve ser o mesmo do fio fase? E qual é a bitola correta do fio fase? E também, quais eletrodomésticos deverão ser aterrados?

Resposta

Caro Solemar,

O aterramento deve sempre ser observado com muita atenção, pois é ele que protege as pessoas que utilizam o equipamento elétrico.

O condutor (fio) de aterramento deve ser igual ou maior na sua bitola em relação ao condutor fase e neutro.

- Fios fase e neutro conforme a carga em amperes

Para o condutor fase e neutro, deve ser calculada a sua bitola de acordo com a carga que ele deve suportar, ou seja:

1. Olhe sempre as instruções que o fabricante coloca na etiqueta do equipamento, onde normalmente consta a tensão em volts e a potência em ampères.
Alguns fabricantes também adicionam a corrente em ampères, mas nem todos.

2. Na ausência da informação da corrente em ampères, deve-se utilizar uma simples fórmula matemática da Lei de OHM/Watt que diz o seguinte:

A Corrente em Ampères é igual à Potência em Watts dividida pela Tensão em Volts.

Temos então: I= P/U

I= símbolo da corrente em ampères
P= símbolo da potência em watts
U= símbolo da tensão em volts

Leia nosso artigo sobre como calcular a potência de um disjuntor (link eletricidade_especialista3.html)

- Tabela de carga de condutores ABNT

E também temos uma tabela pré-estabelecida e padronizada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que diz:

- O condutor de 1,5 mm², deve suportar uma corrente sem aquecer de 15,5 ampères.

- O condutor de 2,5 mm², deve suportar uma corrente sem aquecer de 21,0 ampères.

- O condutor de 4.0 mm², deve suportar uma corrente sem aquecer de 28,0 ampères.

- O condutor de 6.0 mm², deve suportar uma corrente sem aquecer de 36,0 ampères.

- O condutor de 10.0 mm², deve suportar uma corrente sem aquecer de 50.0 ampères.

Seguindo esses procedimentos, fica fácil estabelecer a bitola correta de condutores em qualquer circuito elétrico, como também o disjuntor termomagnético para sua proteção.

- E quais equipamentos domésticos aterrar?

Quanto, a saber, quais os equipamentos elétricos que devem ser aterrados, observe na parte de trás dos equipamentos se existe um condutor (fio) na cor VERDE ou VERDE/AMARELO.

Esse condutor é o indicado para ser ligado ao aterramento.
Caso não exista esse condutor, tenha o cuidado de verificar se o equipamento precisa do condutor terra.

Normalmente os aparelhos tipo: Ventilador de mesa, liquidificadores, ferros de passa roupa, e outros do mesmo porte não precisam de aterramento.

Já computadores (torre), máquinas de lavar roupa, geladeiras, freezer, fogões com acendedores elétrico, ar condicionado e outros de grande porte, é essencial o aterramento para proteção contra fugas de corrente através de sua caixa (carcaça) metálica.

É sempre importante consultar um profissional eletricista nessa questão de aterramento, pois a instalação do condutor terra e sua conexão a terra propriamente dita, deve ser executada com cuidado e seguindo as normas estabelecidas pela ABNT.

Veja no site do FAZ FÁCIL, os requisitos corretos para obter um perfeito sistema de aterramento, evitando assim os acidentes que a falta desse condutor terra pode ocasionar.

Espero ter respondido satisfatoriamente as sua perguntas.

Um abraço do Prof. Cosme Pires e Equipe do Faz Fácil.

COMO CALCULAR A POTÊNCIA DO DISJUNTOR

* conversão de unidades de medidas elétricas
* ferramenta CHAVE TESTE NEON

Pergunta:

Gostaria de saber se podem me ajudar numa questão ligada a proteção eletrica de maquina de costura industrial.

Que tipo de disjuntor posso usar e como calculo ja que e motor?

São de 1/4hp 110v em rede monofasica domestica.

Resposta:

A resposta para sua pergunta é muito simples:

De acordo com cálculos efetuados por engenheiros especialistas do setor elétrico, a equivalência ou conversão de unidades de medidas elétricas é feita assim:

01 CV (cavalo vapor) corresponde a 739 watts
1 HP (horse power) equivale a 746 watts

Pois bem, sua máquina de costura industrial trabalha com um motor de 1/4 HP, e como você especificou, a tensão de alimentação é de 110 volts, portanto:

746 watts divididos por 4 = 186,5 watts que corresponde a um motor de 1/4 HP

Para sabermos qual o disjuntor apropriado para a proteção do mesmo, temos a seguinte fórmula matemática da Lei de OHM:
A corrente (em ampères) é igual à potência (em watts) dividida pela tensão (em volts):

Ou seja: I= P/U I- símbolo da corrente P- símbolo da potência U- símbolo da tensão

Temos então aqui o cálculo em função de várias tensões:

Potência de 186.5 watts divididos por 110 volts = 1.69 ampères
186.5 watts divididos por 115 volts= 1.62 ampères
186.5 watts divididos por 127 volts= 1.46 ampères

Como você vê, a corrente de trabalho do motor de sua máquina é bem pequena, neste caso o disjuntor apropriado seria de no máximo para cinco ampères, o que é difícil de achar, se não encontrar nas lojas, o mais próximo seria de 10 ampères.

Eu fiz o cálculo para as três tensões possíveis que podem incidir na entrada do seu motor, é só você comprar o disjuntor apropriado e coloca-lo na entrada da fase (aquele fio que quando esta com energia “DÁ CHOQUE").
chave de teste eletrico

Use um teste apropriado para identifica-lo, pode ser uma simples CHAVE TESTE NEON.
É uma pequena chave de fenda com uma lâmpada NEON dentro do cabo plástico.

Você segura à chave na parte de plástico e encosta o dedo em cima do cabo da chave.
A ponta de metal da chave você encosta no fio onde está sem o isolante plástico.

Se ele for o fio fase, a lâmpada NEON acende.

Feito isto, DESLIGUE A REDE ELÉTRICA para não haver acidentes e instale o disjuntor.


Um Abraço
Prof. Cosme e Equipe do FAZFACIL

COMO CALCULAR OS FIOS DE UMA RESIDENCIA?

É muito comum na época de uma construção ou reforma pensar em economia ou ate mesmo acreditar que esta exagerando na demanda considerada ou sugerida por um profissional. Neste momento temos que considerar o que temos de equipamentos elétricos e o que vamos acrescentar para ligar na rede elétrica. Procure dimensionar individualmente os circuitos elétricos exemplo, chuveiro, aquecedor, ar condicionado, tomadas de uso específicos (TUEs), tomadas de uso geral (TUG), implante a nova norma a NBR 14136 – Plugues e Tomadas para uso doméstico até 20A/ 250V em corrente alternada – Padronização, desenvolvida no âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. As tomadas do novo Padrão Brasileiro foram projetadas para impedir o contato acidental com os pinos do plugue quando estes estão energizados, evitando-se, assim, eventuais choques elétricos.

Outro grande benefício da norma NBR 14136 é a padronização de plugues e tomadas em apenas duas versões de correntes: 10 A e 20 A.

Como cada uma delas possui uma configuração diferente no diâmetro dos pinos, fica impossível ocorrer sobrecarga* de energia.

Na prática, um aparelho eletroeletrônico com corrente de 20 A não pode ser conectado a uma tomada de 10 A, já que seu plugue é compatível apenas com tomadas de 20 A. Já um aparelho com corrente de até 10 A pode ser conectado tanto na tomada de 10 A quanto na de 20 A, pois não existe nenhum risco de sobrecarga nesse circuito.

Em conformidade com a norma ABNT NBR 14136 os plugues e tomadas são com as seguintes medidas.

10 A orifício Ø 4 mm
20 A orifício Ø 4,8 mm

E para os circuitos de iluminação, alarme e segurança. A margem de segurança de um cabo elétrico tem que ser considerado para que em alguma situação de sobrecarga e o cabo não sofra aquecimento, isso vale também para os disjuntores na hora da instalação, calcule o disjuntor nunca acima da corrente limite que suporta o cabo, exemplo se for ligar um circuito de chuveiro de 4500 Watts 220 Volts essa corrente será de 20,45 Ampères neste caso devemos usar um disjuntor de 25 Ampères, (20,45 +25% = 25).o acréscimo de 25% da a segurança de alguma variação no circuito queda de tensão, resistência em curto, já vi chuveiro com resistência em curto não é comum mas acontece, a resistência quando ligada sofre aquecimento e se funde com a própria temperatura eliminando almas aspirais e consequentemente aumentando a corrente. Falando em chuveiro, só use o DR no circuito se a resistência for blindada.

Para os circuitos de tomadas de uso específicos(TUEs) use cabos acima de 4mm² e as tomadas deverão ser de 20 Ampères, quando for adquirir as tomadas e plugues novo padrão para 10 e 20 Ampères isso é para segurança dos circuitos o pino de 20 Ampères não entra na tomada de 10 Ampères e para as tomadas de uso geral (TUG) use cabos de 2,5mm², neste caso informe ao cliente que as tomadas são para 10 Ampères e não poderá ultrapassar essa corrente mesmo o cabo sendo de 2,5mm² que suporta 21 Ampères, neste caso a potencia poderá ser no Maximo até 1200 Watts por tomada.

Para montagem dos quadros, coloque primeiramente no inicio do barramento os circuitos de correntes maiores, distribua por setores os ambientes do imóvel, distribuindo os circuitos de maneira que as cargas fiquem equilibradas, quando o circuito for bifásico ou trifásico.


HPTEL FONTE ; http://redeseletricas.wordpress.com/2010/09/15/calcular-os-circuitos-eletricos/

domingo, 25 de março de 2012

O QUE SÃO USINAS HIDRELÉTRICAS "A FIO D'ÁGUA" E QUAIS OS CUSTOS INERENTES À SUA CONSTRUÇÃO?

Por Ivan Dutra Faria (Publicado em 05/03/2012)

Usinas hidrelétricas “a fio d’água” são aquelas que não dispõem de reservatório de água, ou o têm em dimensões menores do que poderiam ter. Optar pela construção de uma usina “a fio d’água” significa optar por não manter um estoque de água que poderia ser acumulado em uma barragem. Esta foi uma opção adotada para a construção da Usina de Belo Monte e parece ser uma tendência a ser adotada em projetos futuros, em especial aqueles localizados na Amazônia, onde se concentra grande potencial hidrelétrico nacional. Aliás, as usinas Santo Antonio e Jirau, já em construção no rio Madeira, são exemplos dessa tendência.

Quais as consequências e custos inerentes a essa opção? Quais serão os problemas futuros que a decisão de abrir mão de reservatórios com efetiva capacidade de regularização de vazões poderá criar?

Primeiramente, deve-se considerar que a energia “gerada” por uma hidrelétrica resulta da transformação da “força” do movimento da água. Transforma-se, assim, em energia elétrica, a energia cinética decorrente da ação combinada da vazão de um rio e dos desníveis de relevo que ele atravessa. Desse modo, não restam dúvidas de que, para o processo, guardar água significa guardar energia.

Os sistemas de captação e adução levam a água até a casa de força, estrutura na qual são instaladas as turbinas. As turbinas são equipamentos cujo movimento giratório provocado pelo fluxo d’água faz girar o rotor do gerador, fazendo com que o deslocamento do campo magnético produza energia elétrica. O vertedouro, por sua vez, permite a saída do excesso de água do reservatório, quando o nível ultrapassa determinados limites. Outros aspectos e outros equipamentos são, também, importantes, mas, em qualquer caso, estaremos diante de uma busca por queda e vazão – a primeira, fixa, e a segunda, variável.

Nesse processo de transformação, a geração de energia elétrica é limitada pelo produto entre vazão e altura de queda, pois a energia obtida é diretamente proporcional ao resultado dessa conta. A barragem interrompe o curso d’água e forma o reservatório, regulando a vazão. Em uma usina com reservatório, essa variável pode ser controlada pelos administradores da planta. Em uma usina a fio d’água, fica-se refém dos humores da natureza, ainda que com menor dependência que as eólicas. Hidrelétricas com reservatórios próprios são capazes de viabilizar a regularização das vazões. Devido à sua capacidade de armazenamento (em períodos úmidos) e deplecionamento (em períodos secos), elas atenuam a variabilidade das afluências naturais.

Deve-se considerar, também, que esse mesmo efeito pode ser obtido com a construção de usinas “rio acima” – ou “a montante”, conforme o jargão técnico. Hidrelétricas instaladas em um mesmo curso hídrico podem atuar de forma integrada. Usinas localizadas “rio acima” – a montante, no jargão técnico – podem usar seus reservatórios para regular o fluxo de água utilizado pelas usinas localizadas “rio abaixo” – a jusante.

A usina binacional Itaipu, por exemplo, por ser a última rio abaixo – a jusante, no jargão técnico – da Bacia do Rio Paraná, é considerada como a fio d’água. Ocorre que se a gigantesca hidrelétrica pode utilizar toda a água que chega ao reservatório, mantendo apenas uma reserva mínima para garantir a operacionalidade, tal diferencial se deve, direta ou indiretamente, à existência de dezenas de barragens a montante.

O conjunto formado pelos potenciais hidráulicos da margem direita do rio Amazonas é considerado como uma rara e poderosa combinação de queda e vazão nos estudos de inventário hidrológicos de bacias brasileiras. A Volta Grande do Xingu, por exemplo, onde está sendo construída a hidrelétrica Belo Monte, apresenta uma queda de cerca de 90 metros entre dois pontos muito próximos de um rio cuja enorme vazão resulta de um percurso de milhares de quilômetros, iniciado no Planalto Central.

Em geral, usinas a fio d’água têm baixos “fatores de capacidade”. O fator de capacidade é uma grandeza adimensional obtida pela divisão da energia efetivamente gerada ao longo do ano – em geral, medida em MWh/ano – pela energia máxima que poderia ser gerada no sistema.[1] Trata-se, portanto, de uma medida da limitação da usina no que diz respeito à sua capacidade de gerar energia.

Na Europa, esse fator situa-se entre 20% e 35%, em média, sendo um pouco maior na China e chegando a valores próximos a 45% nos EUA[2]. Em média, as hidrelétricas brasileiras têm fator de capacidade estimado em valores situados entre 50% e 55%. A regularização de vazões por meio do uso de reservatórios faz com que essa média suba significativamente, embora essa não seja, em muitos casos, a única responsável por isso. No rio São Francisco, por exemplo, esse número para Sobradinho é 51%, e para Xingó, mais a jusante, é 68%. No rio Madeira, a usina Jirau tem fator de capacidade próximo de 58%, e o número para a usina Santo Antônio é de 68%. Não por acaso, a vantagem relativa de Santo Antonio guarda forte correspondência com o fato de ser um projeto situado a jusante de Jirau. Pelas razões já apontadas, é possível compreender o magnífico número de 83% para Itaipu.

No caso de Belo Monte a potência total instalada é de 11.233,1 MW e a geração anual média é de 4.571 MW, o que resulta em um fator de capacidade pouco maior do que 40%. Esse tem sido um dos pontos mais criticados pelos opositores ao empreendimento, que afirmam que a usina irá “gerar pouca energia”. Mas os argumentos utilizados, em geral, não levam em consideração dois pontos essenciais: os valores médios do fator de capacidade das hidrelétricas brasileiras e a principal razão pela qual o projeto de Belo Monte teve esse valor diminuído.

Ainda que se considerasse Belo Monte como um projeto com fator de capacidade muito distante das médias das usinas brasileiras, deve-se levar em conta que o mesmo não ocorreria ao se compará-lo com aqueles situados na Amazônia e com as de outros países. Em Tucuruí, por exemplo, no rio Tocantins – diga-se de passagem, dispondo da regularização de usinas a montante –, esse valor é de aproximadamente 49%.

O reservatório projetado para Belo Monte foi diminuído, bem como inviabilizada a capacidade de regularização das vazões afluentes às suas barragens, em razão de argumentos de natureza ambiental. Além disso, houve a decisão de se elaborar um hidrograma denominado “de consenso”, com o objetivo de garantir que, a jusante do barramento, fossem asseguradas boas condições de pesca e de navegação às comunidades indígenas, entre outros aspectos.

Evidentemente, regularizar ou não a vazão de um curso d’água é uma decisão que, necessariamente, deve incorporar a dimensão ambiental – numa escolha entre alternativas que devem ficar absolutamente claras para a sociedade. Entretanto, essa decisão vem sendo tomada sem o necessário amadurecimento, sem uma discussão ampliada, baseada em estudos objetivos dos benefícios e custos associados a tal escolha, com um exagerado receio de desagradar a grupos de pressão específicos e visando a uma boa imagem do governo na mídia.

Aliás, justamente nos diversos meios de comunicação é possível encontrar os maiores disparates sobre o assunto. Nas informações divulgadas nesses meios há boas doses de lirismo, relacionado com a eventual substituição dos projetos de hidrelétricas, nomeadamente aqueles que preveem grandes reservatórios, em benefício de outras formas de transformação de energia – como as eólicas, por exemplo.

Informações de baixa qualidade técnica, inclusive relacionadas à possibilidade de substituição de energia hidrelétrica por eólica, encontram eco entre os mais diversos operadores do direito e resulta em uma posição defensiva dos técnicos governamentais, tanto da área de energia quanto da área ambiental. Alguns dos argumentos mais utilizados nessa judicialização calcada na subjetividade são fundamentados no chamado “Princípio da Precaução”, que pode ser definido como de natureza filosófica, política, doutrinária, religiosa ou ideológica – mas, jamais como de natureza científica.

O Princípio da Precaução é, essencialmente, um preceito que, se aplicado ao pé da letra, inviabilizaria o desenvolvimento, justificando a inação diante da ameaça de danos sérios ao ambiente, mesmo sem que existam provas científicas que estabeleçam um nexo causal entre uma atividade e os seus efeitos. Impõem-se, nesses casos, todas as medidas necessárias para impedir tal ocorrência.

Pode-se dizer que há em tal raciocínio uma quase paródia do pensamento de Leibniz, pois em vez de se supor que nada acontece sem que haja uma causa ou razão determinante, a mera suposição causal (de um dano ambiental, nesse caso) determina que nada deva acontecer.

Como acreditar que seja possível definir ameaça de danos sérios ao ambiente sem uma abordagem científica? Como definir ameaça, danos e sérios sem recorrer à ciência? Lamentavelmente, muitos atores políticos e operadores do direito crêem ser capazes de fazê-lo. No mundo real, a adoção rigorosa do princípio da precaução implicaria fechar todos os laboratórios científicos mundo afora. No Brasil, atualmente, sua aplicação faz com que um empreendedor tenha que provar que as intervenções previstas não trarão impactos, mitigáveis ou não, ao meio considerado, o que é virtualmente impossível.

A militância radical, sustentada no Princípio da Precaução, está se utilizando de um raciocínio de mão única. A usina a fio d’água desperdiça a chance de se guardar energia da forma mais barata e da única forma que permite múltiplas utilizações da água armazenada como a criação de peixes, o turismo e a contenção de cheias, por exemplo.

Em um pensamento predominantemente ideológico não há espaço para que sejam debatidas questões fundamentais acerca da opção única por usinas “a fio d’água” ou com reservatórios subdimensionados. Em primeiro lugar, deve-se considerar que o desperdício de capacidade produtiva de energia a montante da usina a fio d´água é praticamente irreversível. Em segundo lugar, a decisão por um caminho praticamente sem volta foi tomada sem o devido e necessário debate técnico e político acerca de um tema que afetará as próximas gerações. Não seria este o caso de se utilizar o princípio da precaução, evitando-se tomar uma decisão irreversível e de provável impacto ambiental negativo, visto que será necessário, no futuro, recorrer a fontes mais poluentes de energia para substituir a capacidade hidrelétrica desperdiçada?

No Brasil, a capacidade de armazenamento de energia em reservatórios é intensamente beneficiada pela diversidade de ciclos pluviométricos das bacias brasileiras, um diferencial notável em relação a outros países. A otimização desses reservatórios passa pelas linhas de transmissão, que, na prática, funcionam como vasos comunicantes, transportando, em vez de água, energia de uma bacia hidrográfica que esteja em um momento de abundância de água, para outra, onde haja necessidade de se economizar água escassa. Desse modo, Belo Monte não pode ser entendida como uma usina isolada e, sim, como virtuosa e hidricamente intercomunicada – por ser interligada eletricamente – com o resto do País. Uma vez que o rio Xingu tem suas cheias quase dois meses depois das cheias dos rios das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, a possibilidade de armazenamento em Belo Monte diminuirá fortemente os riscos de carência de energia – no jargão técnico, o risco de déficit.

Os estudos de um projeto hidrelétrico incluem a análise do comportamento das estruturas, simulando a passagem de uma vazão superior a cheia decamilenar, ou seja, uma cheia de tempo de retorno de 10.000 anos. É tranquilizador saber que a margem de segurança de uma barragem é tão significativa. Todavia, esse cálculo não guarda qualquer relação com a segurança de vazões suficientes para fazer frente à influência da economia sobre a demanda por energia. Nesse caso, utilizam-se os cenários econômicos para estimar a demanda.

Como a matriz de geração elétrica no Brasil há forte predominância hidrotérmica, os cenários começam a sinalizar a crescente necessidade de uso de energia de fonte térmica, mais cara e mais poluidora que a hidrelétrica.

E o pior: “ovos de Colombo”, como a repotenciação e a modernização de hidrelétricas, ainda que totalmente defensáveis, não são processos capazes de garantir o acréscimo anual de 3.300 MW médios de energia que o Ministério de Minas e Energia considera necessário para fazer face às projeções de crescimento econômico para o Brasil. Difundir informações de que a implantação desses processos evitaria, por exemplo, a construção das usinas do rio Madeira não tem qualquer cabimento. O mesmo se pode dizer quanto à possibilidade de eólicas serem capazes de evitar a construção de novas hidrelétricas.

Concordemos, então: a energia eólica é uma beleza, o Brasil deve investir cada vez mais nessa opção, há quem ache lindos os cata-ventos e os zingamochos – embora haja dúvidas quanto à reação da população de cidades que tenham que conviver próximas aos geradores, enfrentando a poluição visual e a descaracterização urbanística. Entretanto, essa não é uma opção para a base da matriz elétrica de qualquer país. Eólicas não são feitas para a geração de base, pois exigem complementação por meio de outras fontes, como hidrelétricas e termelétricas. Com fator de capacidade menor do que a média das hidrelétricas brasileiras, as usinas eólicas dependem fortemente dos ventos, pois essa opção tecnológica não permite armazenar a energia produzida.

O crescimento do mercado consumidor de energia combinado com a implantação de usinas sem reservatórios diminui a confiabilidade do sistema, veda o aproveitamento múltiplo dos lagos das hidrelétricas e obriga o Operador Nacional do Sistema (ONS) a fazer um gerenciamento ano a ano dos estoques de água nas usinas. Como se sabe, sistemas elétricos imunes a defeitos ou a desligamentos imprevistos são modelos teóricos. Os 100% de confiabilidade no sistema elétrico ou “risco zero” de falhas implicaria elevar os custos, que tenderiam ao infinito. E o consumidor teria que pagar por isso, o que implicaria tarifas proibitivas. Assim, no mundo todo, algum risco de falha no sistema é aceito. Mas a redução no nível de confiabilidade do sistema interligado não é desprezível quando se reduz a capacidade de armazenamento de um sistema predominantemente hidrotérmico como o brasileiro.

Quem deveria decidir se a opção pela construção de usinas a fio d’água é a melhor alternativa? Trata-se de um risco para o sistema, um erro inclusive do ponto de vista socioambiental e uma opção praticamente irreversível. Logo, constitui matéria a ser objeto de discussão por ampla representação da sociedade, e não apenas por ativistas ambientais, sociais, ideológicos ou do direito.

Parece que alguém se esqueceu do art. 20, inciso VIII, da Constituição Federal, segundo o qual os potenciais hídricos são bens da União e não de meia dúzia de agentes públicos assustados com as ONGs, com a mídia e com os “achistas” de plantão. Se essa é uma discussão a ser feita pela sociedade e como seria inviável – embora defensável e desejável – a realização de um plebiscito acerca do tema, a democracia representativa tem a única resposta legítima para esse desafio: o Congresso Nacional.

Para saber mais sobre o tema:

Abbud, O. e Tancredi, M. Transformações Recentes na Matriz Brasileira de Geração de Energia Elétrica: Causas e Impactos Principais. Texto para Discussão nº 69. Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado, Senado Federal. Disponível em http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD69-OmarAbbud_MarcioTancredi.pdf

Montalvão, E. (2011). Ambiente e energia: crença e ciência no licenciamento ambiental, parte I. Núcleo de Estudos e Pesquisa do Senado Federal. Texto para Discussão nº 93. Disponível em http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD93-EdmundoMontalvao.pdf

Faria, I.D. (2011). Ambiente e energia: crença e ciência no licenciamento ambiental, parte II. Núcleo de Estudos e Pesquisa do Senado Federal. Texto para Discussão nº 94. Disponível em http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD94-IvanDutraFaria.pdf

Faria, I.D. (2011). Ambiente e energia: crença e ciência no licenciamento ambiental, parte III. Núcleo de Estudos e Pesquisa do Senado Federal. Texto para Discussão nº 93. Disponível em http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD99-IvanDutraFaria.pdf

Abbud, O. ; Faria, I.D. e Montalvão, E. (2011). Ambiente e energia: crença e ciência no licenciamento ambiental, parte IV. Núcleo de Estudos e Pesquisa do Senado Federal. Texto para Discussão nº 107.

http://www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD107-EdmundoMontalvao-IvanDutra-OmarAbbud.pdf.

Faria, I.D. (2011). Entrevista à TV Senado (2011). http://www.senado.gov.br/noticias/tv/videos/cod_midia_64264.flv

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[1] Essa energia é calculada por meio do produto Potência Nominal X 8760 h. Por sua vez, o número de horas anuais é calculado pelo produto 24h X 365 dias, ou seja, 8760 h. Não se deve confundir Fator de Capacidade com Fator de Carga, que é a razão entre a demanda média de energia elétrica, durante um determinado intervalo de tempo, e a demanda máxima registrada no mesmo período. Quanto maior esse índice, mais adequado é o uso da eletricidade.

[2] Os valores médios de fatores de capacidade, em geral, não são muito precisos em razão da dinâmica do processo de implantação de novas usinas em cada país. Por exemplo, a entrada em operação ou a ampliação de um empreendimento pode alterar esses valores. Desse modo, os números aqui apresentados têm função apenas ilustrativa, visando a uma comparação que, de resto, é pertinente, uma vez que as possíveis variações não alteram substantivamente as possíveis conclusões.

Tags:Belo Monte, energia eólica, fio d'água, Meio ambiente, reservatório, termelétrica, usina hidrelétrica

terça-feira, 20 de março de 2012

PROJETO DE LEI DO SENADO N°, DE 2011

Altera a Lei nº 11.337, de 26 de julho de 2006, que
determina a obrigatoriedade de as edificações
possuírem sistema de aterramento e instalações
elétricas compatíveis com a utilização de condutorterra
de proteção, bem como torna obrigatória a
existência de condutor-terra de proteção nos
aparelhos elétricos que especifica, para obrigar que
todos os equipamentos elétricos e eletrônicos de
baixa tensão para uso doméstico comercializados no
Brasil sejam bivolt.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º A ementa da Lei nº 11.337, de 26 de julho de 2006, passa
a vigorar com a seguinte redação:
“Determina a obrigatoriedade de as edificações possuírem sistema de
aterramento e instalações elétricas compatíveis com a utilização de
condutor-terra de proteção, bem como da existência de condutor-terra de
proteção nos aparelhos elétricos que especifica, e de que todos os
equipamentos elétricos e eletrônicos de baixa tensão para uso doméstico
comercializados no Brasil sejam bivolt. ” (NR)

Art. 2º A Lei nº 11.337, de 26 de julho de 2006, passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 2º-A:

Art. 2º-A Todos os novos equipamentos elétricos e eletrônicos para uso
doméstico comercializados no Brasil deverão ser bivolt.

Parágrafo Único. Para efeitos desta Lei, equipamento bivolt é aquele que
opera nas duas tensões padronizadas no Brasil, 127 ou 220 volts, em faixa
contínua ou não, sem a necessidade de transformadores externos.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação,
produzindo efeitos, em relação ao art. 2º-A, 120 (cento e vinte dias) contados
a partir da referida publicação.

JUSTIFICAÇÃO

No início da indústria da energia elétrica no Brasil, não havia
padronização de equipamentos, razão pela qual as várias empresas de
eletricidade adotaram tensão e freqüência de sua escolha. Já naquela época, os
países centrais haviam adotado dois padrões distintos. Na Europa, o padrão
era 220 volts e 50 Hertz; na América do Norte, 127 volts e 60 Hertz.

No Brasil, cada região adotou um dos dois padrões, ou um misto
de ambos. O resultado foi uma enorme mistura de padrões que dificultava
enormemente a interligação elétrica entre os estados. Na década de 1960, o
Governo Federal resolveu padronizar a freqüência em 60 Hertz, que era a
freqüência prevalente entre as diversas instalações elétricas da época.

Mas as tensões não puderam ser padronizadas numa única, em
razão dos enormes custos que tal mudança implicaria para os consumidores. É
por essa razão que, ainda hoje, o brasileiro tem que conviver com duas
tensões-padrão, dependendo da cidade para onde vai. E essa convivência é
fonte de muitos transtornos, principalmente para os cidadãos que mudam de
cidades e têm que, ora comprar novos equipamentos, ora adaptar sua tensão
residencial para o padrão de seus eletrodomésticos.

A maioria dos fabricantes de equipamentos eletrônicos, sensíveis
aos enormes problemas que a diversidade de tensões causa aos usuários, já
optou pela fabricação de equipamentos bivolt, de faixa continua ou não. Mas
isso não ocorre com parte dos eletrodomésticos de maior potência.

É para evitar definitivamente esses transtornos, quaisquer que
sejam os equipamentos, que apresento a presente proposta. É muito mais fácil
e seguro para os fabricantes venderem os novos equipamentos com duas
tensões nominais, do que o usuário adaptar seus equipamentos às tensões
padronizadas. E, reitero, a proposta se restringirá aos novos equipamentos.
Em face da ausência de qualquer desafio tecnológico na
implantação dessa mudança, parece-nos bastante razoável o prazo de cento e
vinte dias para entrada em vigor da medida.

Conto com o apoio dos colegas Parlamentares para a aprovação
de uma proposição que beneficia o usuário de equipamentos de todo o País,
sem causar impactos apreciáveis na cadeia produtiva nacional.

Sala das Sessões,
Senador