Cobrança com medidor novo começa a chegar
Fonte: O DIA ONLINE – RIO – 26.05.2010 Por Celso Oliveira e Geraldo Perelo
Rio – Pelo menos 36.147 moradores de
Niterói, Itaboraí, Caxias, São Gonçalo e Magé, que desde novembro
passaram a ter o consumo de energia aferido pelo novo medidor com chip
da Ampla, começam a receber as novas contas este mês. Até o fim do ano, a
novidade vai chegar a Maricá e Macaé. Interrompido desde 2008 por
determinação do Inmetro — que constatou irregularidade na medição de
aparelhos —, a instalação de marcadores com chip foi retomada em
novembro.
O diretor informou que o medidor com
chip que está sendo instalado passou nos testes e ganhou a certificação
do Inmetro. O órgão confirmou e informou que o único modelo autorizado
desde junho é o SGP+M E12, da Landys+Gyr. Segundo o Inmetro, os cerca de
15 mil em que foi constato defeito foram substituídos. Ao todo, cerca
de 360 mil imóveis de clientes da Ampla têm medição eletrônica.
A retomada da instalação dos marcadores
com chip preocupou o comerciante Alex Xander Alves, 38 anos, de
Saracuruna, Caxias. Foi a partir de denúncia dele sobre o aumento
excessivo na conta depois do chip no medidor de sua padaria que o
Inmetro começou a investigar o problema. Desconfiado, ele mantém os
analógicos para conferir o consumo. Ao todo, são quatro relógios, dois
na sua casa e dois em seu comércio.“Vai começar tudo de novo”, teme
Alex, que, no entanto, não tem constatado disparidades. Preocupado,
Sebastião Carlos Moraes, 45, outro morador de Saracuruna, também toma
conta de seu consumo em busca de qualquer mudança brusca: “Com o novo
medidor ficamos em alerta”.
Moragas defende que a modernização do
sistema vai facilitar o controle pelos consumidores. Através do telefone
da empresa e do visor digital, a leitura do gasto de energia é mais
fácil. “Ele fica sabendo quanto consumiu em KW ou em dinheiro”,
explicou.
Cálculo do reajuste tarifário anual
A Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) informou ontem que fará audiências públicas a partir desta
sexta-feira para analisar se houve falha na aplicação da metodologia de
cálculo do reajuste tarifário anual previsto nos contratos de concessão
das empresas. A Ampla e a Light estão incluídas neste levantamento. O
prejuízo no bolso dos consumidores, causado por essa possível falha,
chegaria a R$ 1 bilhão por ano entre 2002 e 2007, resultando ainda numa
remuneração indevida das concessionárias de energia elétrica.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da
União (TCU) constatou que as tarifas de energia elétrica cobradas por
diversas distribuidoras do País apresentaram distorções em relação ao
modelo definido pela Aneel para os reajustes tarifários. De acordo com o
TCU, as distribuidoras não consideraram, nos cálculos, novas receitas
obtidas a partir dos ganhos de escalas decorrentes das novas conexões.
As audiências irão ocorrer nos próximos 30 dias.
Os medidores com chips eletrônicos
começaram a ser instalados pela Ampla em maio de 2005. Além de
modernizar o sistema de aferição, a empresa queria acabar com o furto de
energia, que só em São Gonçalo somava na época 60% do total consumido
na cidade, segundo a empresa. Justamente lá, surgiram as primeiras
queixas, no mesmo ano. Consumidores disseram que suas contas dispararam —
em alguns casos, os aumentos foram de quase 10 vezes a tarifa.
Em outubro do mesmo ano, após série de
reportagens de O DIA, o então secretário estadual de Energia, Indústria
Naval e Petróleo, Wagner Victer, pediu ao Instituto de Pesos e Medidas
(Ipem) para fiscalizar os equipamentos. O Inmetro entrou em cena no
mesmo período.
O problema se espalhou pelo estado e
manifestações explodiram em outros municípios. No ano seguinte, a Alerj
instalou CPI, que recomendou ao Ministério Público a punição da Ampla.
Em 2008, o MP Federal impetrou Ação Civil Pública e o Inmetro proibiu a
instalação de mais medidores com chips, pois detectou falhas em três dos
10 modelos testados. O problema elevava o valor das contas. Os
rejeitados foram substituídos, segundo o Inmetro. Em junho de 2009, o
instituto aprovou um único modelo para o mercado. A Ampla informou ontem
que usará esses equipamentos nas futuras instalações.
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